
Encorajado pelo sucesso, privadamente publicou seu primeiro livro ilustrado 'Earth Inferno' quando tinha dezoito anos em Fevereiro de 1905. Uma poderosa e metafísica percepção do 'Self' em relação ao cosmos, 'Earth Inferno' pretende comunicar os princípios fundamentais do mágico desenvolvimento de Spare, sua gnose pessoal, e apresentou um ativo período de patronato e um trabalho em livro ilustrado. Connoisseurs da Arte como Charles Ricketts, André Rafflovich, Pickford Waller e Desmond Coke apreciaram rapidamente a única doação de Spare: a mão de Dürer e o olho de Dante. Um segundo fólio, 'The Book of Satyrs' foi privadamente publicado em 1907 - um pouco antes à sua primeira e notória exibição 'West End' em Bruton Gellery em Outubro. Em um resumo das admiráveis aquarelas e pena e tinta dos desenhos que a exposição oferecia, um crítico escreveu:
"A espantosa excentricidade para a perpetração do qual este precoce gênio, Sr. Austin O. Spare aplica seus raros dons, provavelmente será falado dos estúdios de Londres por muitos dias que virão... sua condição de artífice é soberba; seu trato da linha não tem sido igualado desde os dias de Aubrey Beardsley; sua faculdade inventiva é assombrosa e aterrorizadora em sua torrente criativa de horrores impossíveis...”
O modesto artista de Kennington tinha tornado-se o 'infant terrible' de Mayfair.
Entre 1909 e 1913 Spare teve diversas exibições 'West End' durante o desenvolvimento de seu mais importante trabalho: 'The Book of Pleasure'. Apesar de ele flertar brevemente com Crowley durante este período, foi seu cortejo e eventual casamento com Eiley Gertrude Shaw em 1911 que catalisou e inspirou a evolução de suas técnicas mágicas. Publicou em 1913 'The Book of Pleasure' exibindo-nos o primitivo estilo que tinha dado caminho a uma decoração, mais sutil, a pena do desenhista. Mais importante, contudo, o livro sugere técnicas avançadas para acessar o que o psicólogo Carl Jung utilizou mais tarde como uma das pedras-angulares do Surrealismo, foi largamente mal interpretado na Londres Eduardiana. Não dissuadido, em 1916 Spare fundou e co-editou 'Form: A Quaterly of the Arts' sob a impressão de John Lane. Pródigo e dispendioso o título cedeu no ano seguinte quando Spare foi convocado, tornando-se um artista oficial de guerra. Isto foi reanimado brevemente em uma modesta 'second series' por Spare depois da publicação do seu quarto livro 'The Focus of Life' em l921. Este posterior trabalho, uma catarse de suas experiências de batalha, proferindo uma narrativa de sonhos-característicos e visionários desenhos em lápis. Isto foi bem recebido, mas foi seu penúltimo trabalho publicado. Em 1924, 'The Golden Hind', do qual foi co-editor com Clifford Bax, cessou a publicação, impelindo o artista a retirar-se para suas raízes no sul de Londres.
Vivendo e trabalhando em seu minúsculo estúdio no município onde a ira e frustração de Spare manifestou-se em seu último livro publicado 'The Anatema of ZOS' em 1927. Sua exibição em 1930 seria seu último 'West End' exibido por 17 anos e Spare brincou com seu amigo jornalista Hannen Swaffer dizendo que ele estava contemplando 'o forno de gás'. Contudo, Spare sobreviveu a Grande Depressão e desenvolveu uma nova técnica para esboço a qual ele denominou 'Siderealism'. Baseado em uma forma logarítmica de projeção anamorfótico[1] e isto provou ser um sucesso muito popular e sua exibição de 1936 resultou em uma inesperada petição. Adolf Hitler recebeu um dos retratos em pastel de Spare como uma doação e ficou tão impressionado que ele pediu ao artista para viajar para Berlin, encarregar-se de uma comissão. Spare recusou - e tornou-se uma celebridade secundária!
Em 1949 um juvenil Kenneth Grant procurou Spare e o encorajou a retornar ao seu primitivismo, diretamente aos temas mágicos. As exposições e exibições em tavernas nos idos dos anos 50 mostraram um artista maduro de incrível vigor, trabalhando a altura dos seus poderes. Na idade de 68 anos o comando do pastel médio de Spare poderia dificilmente ser equiparado e ele recebeu o desejoso patrocínio de doutores, psicólogos, jornalistas, professores, críticos e connoisseurs. Seus modos idiossincráticos de expressão gráfica, semelhante como 'Automatism', 'Siderealism', 'Psycho-Realism', 'Psycho-Revisionism' e 'Sigillic Formulæ' permanecem como técnicas pioneiras. Sua súbita morte em 15 de Maio de 1956 moveu muitos tributos de lamentação com a perda de um singular e peculiarmente gênio Inglês.
Abaixo, alguns dos desenhos de Austin Osman Spare e uma foto com seus "familiares".
Robert Ansell – 1994©.
Tradução de Cláudio Carvalho – 2002, 2006.
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[1] Imagem disforme que, vista a distância, por certos espelhos parece regular; arte de representar essa imagem.
[2] Ingresso em-transe.
[3] Este texto foi publicado em 1994. O leitor interessado deve verificar com a Fulgur Publishing sobre maiores detalhes da publicação desta brochura.